Vatican News
De acordo com a Organização Meteorológica Mundial, a década 2011-2020 será lembrada como a mais quente já registrada, com os seis anos mais quentes começando em 2015. De fato, o calor dos mares está em níveis recordes e mais de 80% do oceano global sofreu uma onda de calor marinho durante 2020, com repercussões generalizadas nos ecossistemas marinhos, que já sofrem de águas mais ácidas devido à absorção de dióxido de carbono, CO2. Estes são alguns dos dados presentes no relatório final sobre a Situação do Clima Global em 2020, apresentado na segunda feira (19/04) em uma coletiva de imprensa conjunta do Secretário Geral das Nações Unidas Antonio Guterres e do Secretário Geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM) Petteri Taalas, na versão atualizada, após a versão provisória publicada em dezembro passado.
O aquecimento foi observado no ano passado, mesmo com o resfriamento devido ao fenômeno climático do La Niña. O estudo compilado pela OMM e parcerias aponta condições climáticas extremas que aliadas à Covid-19 foram um golpe duplo para milhões de pessoas no período. A desaceleração econômica devido à pandemia não chegou a frear os fatores que impulsionam a mudança climática e os impactos de sua aceleração. A análise envolveu indicadores do sistema climático, tais como concentrações de gases de efeito estufa, aumento da temperatura terrestre e do oceano, nível do mar, derretimento do gelo e recuo das geleiras e condições climáticas extremas.
"Este relatório nada mais faz do que certificar o fato de que ainda estamos no caminho errado - explica Andrea Masullo, diretor científico da Associação Greenaccord - já faz alguns anos desde que as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera, que é o elemento que impulsiona a mudança climática, ultrapassaram em abundância 400 partes por milhão e lembremos que há trinta anos eram 355 partes por milhão.
"Quando a economia mundial recomeçar - continua Masullo - se não mudarmos de direção, logo nos encontraremos em uma situação pior do que a que deixamos". Se não colocarmos o bem-estar do homem de volta ao centro, mudando os objetivos do modelo de desenvolvimento e das fontes de energia, só corremos o risco de tornar uma situação já grave ainda pior e irreparável".
A contribuição dos governos torna-se fundamental, para poder alcançar o objetivo de emissões zero até 2050. "Os governos - sublinha o diretor científico da Greenaccord - devem rever globalmente as estratégias de desenvolvimento, os modos de transporte e o uso de energia, evitando um sistema consumista, pois isso significa utilizar todos os recursos de forma destrutiva, até que eles não estejam mais disponíveis.
Devemos também tomar iniciativas a partir dos repetidos convites do Papa Francisco e das indicações da Laudato si’, de passar para uma economia circular dentro de ciclos naturais e recursos renováveis de tal forma que tudo se torne reutilizável novamente. Este é o grande desafio: tentar enxertar fontes renováveis em um sistema baseado no consumo, voltar a colocar o bem-estar do homem no centro da ação econômica e não o consumo de bens e o enriquecimento pessoal que não leva em conta o dano porque não o calcula".
Fonte: Vatican News
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